04/06/12

A vingança do Costa ou mais uma vulgar traição ?


O PSD e o PS têm no seu cadastro político um infindável rol de malfeitorias ao Concelho de Loures e às suas populações.

Não escavarei nos ultimos 30 anos, sob pena de não conseguir concluir este escrito, mas o modo autoritário, cínico e dissimulado como transformam justas aspirações e reivindicações locais em soluções anti-democráticas, desrespeitosas, e injustas teve um exemplo mor com a criação do Concelho de Odivelas. A pretensão da fusão de freguesias, de forma imposta, administrativa, abusando da autoridade do Estado, apresta-se para configuração idêntica.

Estou convencido que a seu tempo e com o devido distanciamento, universitários e investigadores hão-de por a nu, as farsas, enganos, mistificações e o autoritarismo que impregnam as decisões políticas e as leis a que deram origem, estas subversões (adornadas de demagogia) cujo propósito último (consciente nuns e inconciente noutros) é produzir um ataque final e letal a uma conquista essencial de Abril: o poder local democrático.

É de traições puras e duras que estamos a falar.

Como é agora o caso de criação da freguesia da área do Parque das Nações que nasce artificial, despropositada e desconforme. Importa recordar que o território de Moscavide e Sacavém foram usurpados desde logo para a realização da EXPO-98, conferindo-lhe um estatuto especial, ilegítimo, cujo propósito foi apenas e só o de eximir ao papel fiscalizador das autarquias (de Loures e Lisboa) todas as manobras, negociatas e ocupação selvagem do território que tiveram lugar antes, durante e depois daquele certame internacional.

Extraordináriamente, após terem feito o que lhes deu na real gana, na zona, os governos (do PSD e PS) queriam, com a maior das ligeirezas e desfaçatez, passar aos Municípios os ónus económicos e de gestão do território, que o seu modelo forçado, ao sabor dos interesses imobiliários e financeiros, ali determinou. Outra vez, o lema de sempre desses senhores: os pobres que sofram e paguem a crise, porque os lucros já estão entregues, em boas e cuidadas mãos...

Agora, à boleia de justificada aspiração dos moradores do Parque das Nações a quem Santana Lopes, Carmona Rodrigues e Carlos Teixeira simplesmente deixaram num gueto político-administrativo, sem que se interessassem, actuassem ou interagissem, PSD e PS pespegam uma nova e traiçoeira machadada, não apenas no Município de Loures e nas suas freguesias, mas no poder local, na Constituição da República e, sobretudo, na democracia, com que gostam de encher a boca todos os dias, mas que em nada respeitam. 

É uma traição perversa, ao voto dos cidadãos (não foram a eleições propondo-se usurpar territórios a uns para dar a outros).


É uma estocada cobarde nas históricas freguesias de Sacavém e Moscavide que são assim empurradas para o definhamento geográfico, urbanístico, ambiental e demográfico.


Estamos a lidar com bufarinheiros de almas, consciências, princípios, territórios e até, quiça, das próprias mães, se tivessem oportunidade disso.

De tal modo, esta actuação - encoberta, disfarçada, oportunista - é soez e ofensiva para as populações do Concelho de Loures, que me pergunto se não há aqui um traço de vingança, de ajuste de contas, de António Costa com o Concelho de Loures, que daqui foi despachado de burro e ferrari às costas, sem honra, nem glória. Para quem tem as ambições que tem, ficou a mácula do enxovalho eleitoral e político. Eis que a vingança se serve fria ?!

Por outro lado, só António Costa, Tózé Seguro e Carlos Zorrinho congeminaram a patifaria ?

Carlos Teixeira estava submergido em proverbial ignorância ?


E que dizer do Deputado socialista Pedro Farmhouse, que também é Presidente da Assembleia Municipal de Loures ? Desconhecia o projecto-lei do PS e PSD que se aprestava para votar, traindo a sua condição de autarca e os votos que recebeu dos eleitores de Loures ?

E ninguém diz nada, ninguém alerta, ninguém traz o assunto a público e a debate ?

A única coisa que a Câmara de Loures dirigida por estes qualificados políticos locais tem a lamentar é, à posteriori, a perda de receitas ?

Que dizer ainda do ensurdecedor mutismo e extravagante silêncio dos senhores presidentes das Juntas de Freguesia de Sacavém e Moscavide ?

Estão satisfeitos com o desfecho ? Será que ficaram aliviados ?!...

Uma vez que nada fazem, tranquiliza-lhes a consciência nada terem que fazer ?

Como aparentemente ninguém desta rapaziada local conta para nada, sobra-me a dúvida sobre se estamos perante a vingança do Costa ou apenas mais uma vulgar traição ?

3 comentários:

J Eduardo Brissos disse...

Rui,
Concordando com muito do que dizes no que ser refere ao Parque das Nações acho que na situação atual faz sentido a criação daquela freguesia, como digo aqui:

À sorrelfa e desrespeitando a lei, PSD e PS anexam parte de Moscavide e Sacavém à nova freguesia do Parque das Nações.

Leão_da_Estrela disse...

É páh, foi a primeira coisa que me veio à cabeça! finalmente o Costa é presidente de Loures.

Muito sinceramente, acho que faz todo o sentido a criação desta freguesia, não se poderia legitimar o erro que referes estar na génese da coisa (a plenipotenciária ParquExpo) e continuarem a existir entidades diferentes num espaço único, até pelas diferenças de tratamento que inevitavelmente iriam ser utilizadas como armas de arremesso.

Intimamente, a reacção do executivo camarário e da AM (as pessoas do PS, obviamente), parece-me coisa para inglês ver, o seu acordo, apesar dos votos contra na AR, será total.
O que te quero dizer, apesar de concordar contigo nas permiças, é que compreendo (embora não aceite) e que talvez isto, em termos estritamente economicistas, não seja mau para o concelho de Loures; trabalhando onde e com quem trabalhas e tendo estado onde estiveste, calcularás os custos de manutenção dum espaço como aquele. Posso-te dizer que é, para ser simpático, pornográfico! desde as zonas verdes, à limpeza urbana, à monitorização de aquíferos, solos e lamas, à recolha de resíduos sólidos, à manutenção das árvores e arbustos, do jardim disto e daquilo, uiiiii...duvido que o IMI e o IRC paguem a coisa! depois tens um bico-de-obra com que tu te preocuparias e eu, mas que para o Costa é um assunto de lana caprina, que é o tratamento que vai ser dispensado a esta freguesia e o dispensado às degradadas vizinhas Marvila principalmente e Sta Maria dos Olivais, como hoje já acontece com a desmesurada atenção que se está a dar "à nossa parte", em detrimento do restante território de Sacavém e Moscavide; está tudo tão próximo de ti...

Apesar de viver na bem descrita aberração, que é o concelho de Odivelas, o meu sentimento vai mais para Loures, até por afinidade profissional e não deixo de sentir uma perda, tal como tu, esta decisão, que terá certamente também implicações na redução de freguesias (não vale a pena dissertar sobre isto, Demétrio Alves já o fez exemplarmente n'A Praça do Bocage).

Tenho p'ra mim que, a ser cumprida a Lei, ou mesmo se a coisa fosse referendada, o resultado seria o mesmo. É notório o descontentamento e a má vontade dos moradores da zona contra Loures; é ver as reclamações nas redes sociais e não só e percebe-se; para alguns o busílis está apenas no estatuto, habitar em Lisboa, não é a mesma coisa que habitar em Loures. -"onde é que moras?" -"moro em Lisboa!", é deferente de "moro em Moscavide..." ou "moro em Sacavém..." que será ainda eventualmente mais desprestigiante, aos seus olhos, obviamente!

Em resumo, meu amigo, não tivesse a coisa nascido torta, talvez se conseguisse aguentar direita; assim, tarde ou nunca!

Abraço

Impudências disse...

Caro Leão da Estrela,

Respeito opinião diversa da minha, mas não consigo encontrar nenhum motivo atendível e inteligente para a criação de nova freguesia, por usurpação de território a Loures. São razões do passado, do presente, mas sobretudo do futuro que se me impõem na oposição a tão disparatado propósito.

Se se quiser, são razões históricas, sociológicas, culturais, ambientais, paisagísticas, demográficas, de ordenamento do território, de senso administrativo, de coerência política (não me refiro a questões partidárias, evidentemente), de ética democrática, de respeito intelectual pelos outros, mais do que suficientes para terem a minha frontal oposição.

Faço referencia ao facto de ser inaceitável – do ponto de vista económico e outros – que a EXPO-98 tenha sido uma enorme negociata para alguns e venha a ser agora um fardo para os munícipes.

Mas não troco princípios e valores por pratos de lentilhas. Donde, acredito serem possíveis soluções que não suguem mais os contribuintes, pelo que elimino a tentação do facilitismo quanto à vantagem de “deixar correr” porque fica “mais barato”. É preciso trabalho e criatividade, mas está ao alcance.

De resto, suspeito que a atitude dos autarcas no Município e nas Freguesias, apesar de algumas lágrimas de crocodilo é a de “grande alívio”. Sempre é menos um bom bocado pelo qual podem ser responsabilizados, já que me parece preocuparem-se muito pouco com o todo.

Tenho memória de cidadania e não me esqueço da vergonhosa campanha que foi feita contra Loures por Guterres e toda a sua entourage que a propósito da construção da Central Incineradora da Valorsul proclamavam que “Loures não é o caixote do lixo de Lisboa”.

Agora, que muitos deles passaram por administradores da Valorsul e pelas vereações de Lisboa e Loures, etc., já pouco lhes importa que a região venha sendo e agudize a sua condição de “caixote do lixo de Lisboa”.

Lisboa tem uma frente ribeirinha imensa, que trata mal, pessimamente. Esta manobra de extorquir território a Loures, vai impedir que Loures algum dia venha a ter acessos de fruição ao Tejo e uma frente ribeirinha digna. Lisboa vai tratar esta zona tão mal ou pior do que a restante. Se Sacavém e Moscavide estavam a ser bloqueadas, agora serão definitivamente emparedadas e num ápice. O argumento será o de que é preciso dinheiro para “as zonas verdes, a limpeza urbana, a monitorização de aquíferos, etc, etc.”

Na minha modesta opinião e talvez me engane, muito se vão arrepender os moradores por esta solução porque pugnaram.

É evidente que tinham razões sem fim para a sua insatisfação. É escandaloso o abandono a que foram votados pelas gestões PS e PSD das Câmaras de Lisboa e Loures. É claro que se tem a ilusão de que uma maior “autonomia” resolve os problemas ou que pelo menos se toma o destino nas mãos. Se conseguirem tal feito, congratular-me-ei por isso.

Mas desconfio que - a ir para frente esta freguesia artificial e de colonato -, em breve terá gestões autárquicas PS e/ou PSD em que os moradores serão tratados de forma exactamente igual aquela que tanta insatisfação lhes trouxe.

Ou seja, saltam da frigideira para se lançar no lume…

Por fim, trata-se de uma amputação inominável ao Município de Loures e à Cidade de Sacavém pela qual o PS tem um ódio doentio, com carácter patológico. Desejou-a ao limite do paroxismo, agora que a tem, faz-lhe o pior de que é capaz.

É um clamoroso erro histórico que se prepara. Espero ainda poder assistir à reversão disto tudo e mantenho vivo o meu desejo secreto de ver politicamente humilhados os patifes que andam há anos a perpetrar estes crimes lesa cidadão-munícipe-contribuinte.

Retribuo o abraço